Processo de polinização nas plantas: o que é, como ocorre e qual é a sua importância
A polinização é um dos processos biológicos mais importantes na natureza, pois, possibilita a perpetuação de diversas espécies vegetais. No entanto, torna-se imprescindível que os pesquisadores das ciências agro-florestais (principalmente os que trabalham com melhoramento genético), técnicos agrónomos e os agricultores detenham um conhecimento sólido sobre este processo, o que podes conferi-los capacidade de tomar decisões mais assertivas e que não comprometam o desenvolvimento das plantas no campo.
A polinização consiste num fenômeno pelo qual os vegetais superiores, especialmente os pertencentes ao grupo das Angiospermas conseguem efetuar a sua reprodução de forma sexuada, permitindo a continuidade das espécies vegetais pertencentes a esse grupo, bem como a sua variabilidade genética. O processo consiste basicamente na transferência do gameta masculino (grão de pólen) da antera de uma flor para o estigma da mesma flor, ou ainda, para uma outra flor da mesma espécie, possibilitando assim, a fecundação da flor e, posteriormente o desenvolvimento de frutos e sementes que poderão dar origem a novas plantas.
Mecanismos de polinização
O processo de polinização pode ocorrer de forma directa, em um processo chamado de autopolinização ou autogamia, algo observado em flores que contém dois sexos (masculino e feminino), ou seja, bissexuadas. Nesse caso, os estames desenvolvidos projetam-se sobre o gineceu, deixando cair os grãos de pólen de suas anteras, os quais fixam-se ao estigma dando origem a uma autofecundação. No entanto, a autogamia não é vantajosa em termos evolutivos e de diversidade genética, pois impossibilita a variabilidade genética, tendendo a perpetuar plantas menos tolerantes a diferentes estresses ambientais.
Do outro lado, temos também a polinização indirecta ou cruzada, esta forma de polinização ocorre em flores unissexuadas, onde o grão de polén é transferido da antera de uma flor masculina para o estigma de uma outra flor, feminina nesse caso. Essa forma de polinização é a mais vantajosa, pois aumenta a variabilidade genética e a capacidade das plantas de enfrentar modificações no ambiente que vivem, por originar novas plantas, mais vigorosas e produtivas.
Diferente da autopolinização que não depende de um agente polinizador externo, para que ocorra a polinização cruzada é necessário a intervenção de um agente polinizador, responsável pelo transporte do grão de polén de uma flor para outra, os agentes polinizadores podem ser bióticos e abióticos, como abelha, pássaros, água e entre outros.
Tipos de polinização
Além da autopolinização e a polinização cruzada como vimos acima, a polinização também pode ser classificada de acordo com o agente polinizador, com isso destacam-se as seguintes formas:
Anemofilia – é quando o agente polinizador é o vento. Para que esse transporte ocorra, é necessário haver uma superprodução do grão de pólen pela flor. A polinização por meio do vento é comum em plantas que apresentam flores pequenas e simples. Esta forma de polinização geralmente ocorre em alguns grupos de plantas do tipo Fanerógamas. Nas coníferas constitui a forma principal de polinização. Nas Angiospermas, a polinização pelo vento está presente nas famílias Graminiaceae, Ciperaceae, Ulmaceae, Juncaceae e entre outras.
Hidrofilia – quando a polinização ocorre através da água. É mais comum em plantas aquáticas. O grão de pólen é transportado pela água de uma planta à outra.
Entomofilia – o processo de polinização é garantido por insectos. Nesse caso, os insectos são os responsáveis pelo transporte do grão de pólen de uma flor para outra da mesma ou diferente planta. Os insetos mais adaptados a polinização são: borboletas, mariposas, moscas, abelhas e coleópteros (besouros), que transportam, principalmente presos as asas e patas, grãos de pólen das flores masculinas, levando-os para o estigma da flor feminina, numa nova pousada. Dentre esses insetos, as abelhas são as mais importantes, pois evoluíram no seu corpo, pêlos que favorecem esse transporte e uma comunicação entre outras abelhas para localizar a florada. Na maioria dos ecossistemas mundiais, as abelhas são os principais polinizadores.
Ornitofilia – Aqui, o grão de polén é transportado pelas aves. Geralmente transportam o pólen na cabeça, na tentativa de introduzir o bico num tubo que contêm néctar e, ao visitar outra flor, o deposita no estigma. Nesse tipo de polinização destacam-se aves de bico longo, como o beija-flor. Esta forma de polinização é comum em vários grupos de Angiospermas como: Aquilegia, Fuchisia, algumas espécies de maracujá, Eucalipitus, Hibiscus, Euphorbia, e muitas espécies de cactus, bananeiras e orquídeas.
Quiropterofilia – Mamíferos também podem polinizar flores, geralmente em espécies de plantas com flores baixas, mais próximas ao solo. Apenas um grupo de mamíferos tem sido útil as plantas no processo de polinização, são os morcegos que se assemelham as aves devido o vôo.
A entomofilia, ornitofilia e quiropterofilia fazem parte de uma classificação superior que é a Zoofilia. Um grupo responsável pela polinização de cerca de 80% de plantas com flores em todo mundo.
Artificial – Além das formas de polinização expostas acima, destaca-se também a polinização artificial, aquela em que o agente polinizador é o homem, actuando no transporte dos agentes reprodutores de uma flor para outra. Nessa operação o objetivo pode ser de obter variedades genéticas diferentes, aumento de rendimentos ou apenas para auxiliar as plantas que tenham polinização deficiente. É um processo mais demorado e menos eficiente quando comparado com a polinização natural.
Importância da polinização
O processo de polinização é um dos fenômenos biológicos mais importantes que existem na natureza. A polinização afecta directamente a vida do ser humano, assim como a dinâmica de vários ecossistemas da Terra. Alguns dos impactos da polinização na vida humana são: a produção de alimentos, a produção de combustíveis como o biodiesel, a extração de madeira que dão origem a diversos derivados e entre outros produtos oriundos das plantas.
A polinização garante a variabilidade genética de diferentes vegetais superiores, auxilia na regulação do clima no planeta e na manutenção dos ciclos biogeoquímicos
FONTES:
- LUZ, A.R., RUFATO, A.R., FILHO, J.L.M., MUNIZ, J.N. Floração e Polinização: Série Fruticultura – Cultura da Pereira. S/D;
- , V.R. BIOLOGIA FLORAL DO CERRADO: POLINIZAÇÃO E FLORAÇÃO. (2002). Brasília;
- , G.G.B. POLINIZAÇÃO: “UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA SOBRE UM DOS FENÔMENOS BIOLÓGICOS MAIS IMPORTANTES DA TERRA”. (2019). UFRJ – NOVA IGUAÇU.
- MAGALHÃES, L. Polinização. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/polinizacao/. Acesso em: 03/08/2024;
- O que é polinização? Disponível em: https://www.embrapa.br/meio-norte/polinizacao. Acesso em: 03/08/2024;
- Imagem: https://thanksgivingpoint.org/